Depois de praticamente dobrar de preço nos primeiros sete meses do ano, o leite começa a sofrer uma pequena redução. A média nos supermercados de Santa Maria na última semana de agosto é de R$ 6,48, comparada com a média de julho, que era de R$ 7,74, uma redução de 16%.
No auge da alta do produto, o litro chegou a R$ 8. Agora, já é encontrado na faixa de R$ 4, queda de praticamente 100%.
– Tradicionalmente, esta época do ano a tendência do preço é começar a diminuir. Obviamente que não vai ter uma queda proporcional ao que subiu. Isso é de forma gradual. Mas é importante lembrar que cerca de 50% dos trabalhadores rurais deixaram de trabalhar com o gado leiteiro, em detrimento a outras culturas, como a pecuária e a soja, isso colabora para que a redução não seja na mesma proporção – explica o economista e professor universitário Mateus Frozza.
Nos supermercados, os consumidores começam a perceber a diferença de preço do leite e seus derivados, embora ainda considerem os valores elevados. Em média, o preço mais baixo do litro de leite integral é de R$ 4,69, enquanto o mais alto é de R$ 8, conforme os preços obtidos ontem em pesquisa no aplicativo Menor Preço, da Nota Fiscal Gaúcha.
– Está melhorando, mas precisa baixar mais. Eu penso em quem não tem muitas condições, famílias com crianças, ou que precisam do leite, pode baixar mais. Ainda está caro. O salário não acompanha a elevação dos preços – diz a aposentada Maria Inês Zigiotto, 73 anos.
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Apesar da média de preço ainda ser elevada, comparada ao começo do ano, é possível encontrar alguns valores mais baixos, quando os produtos são lançados em promoções. Na quarta (31), uma rede de supermercados da cidade ofertava o leite integral a R$ 3,79, por isso não é contabilizado na média do valor.
Outro produto que pode ter muita diferença no preço promocional é o queijo, que em média custa R$ 55, mas em dias de oferta chega a R$ 35.
– Houve uma elevação substancial. O leite e o queijo subiram bastante. A gente até percebe uma pequena melhora de algumas marcas. Mas a diferença está nas promoções, porque o geral ainda está caro. A diferença do queijo em dias de promoção é quase vinte reais o quilo, ou seja, tem que aproveitar o desconto – afirma o aposentado Aldemir dos Santos, 68 anos.
Produtores
Tradicionalmente, o leite aumenta no inverno, pois segundo os especialistas, cresce o consumo, mas diminui a oferta do produto. Com isso, a escassez do leite interfere no aumento nos preços. Em 2022, além da forte estiagem no verão, o inverno úmido prejudicou a pastagem para as vacas leiteiras.
A redução de produtores que atuam na atividade é confirmada pela Emater Regional. Cerca de 50% deixaram de trabalhar com o gado leiteiro em todo o Estado nos últimos sete anos.
Além disso, a indústria já anunciou que deve reduzir o valor pago para quem investe na cultura, em função do aumento da oferta do produto.
– Existe uma defasagem para o produtor de 30% do começo da pandemia até o momento, pois os custos aumentaram em 60%, enquanto o preço pago para o produtor aumentou 30%, o que apertou muito a margem de ganho dos produtores. O produtor vinha reequilibrando as contas nos últimos três meses, com o valor pago. No entanto, a indústria já anunciou que a queda de preço ao consumidor vai repercutir para o produtor. É complicado, pois o produtor não recupera as perdas dos últimos anos – aponta o assistente regional da Emater em Santa Maria Pedro Urubatan Neto da Costa.
Costa afirma que, se confirmar a redução dos valores pagos para os produtores pela indústria, pode haver nova redução da produção de leite, o que poderia gerar uma nova alta no futuro para os consumidores.
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